Claro, você pode combinar um encontro com você mesma(o) quando quiser e em qualquer lugar. Inclusive tomando um chá e lendo um livro em seu próprio quarto. Mas, cara, Machu Picchu tem uma coisa única com a gente. Algo de conexão e espiritualidade ímpares, sabe? Esta é a história de hoje.
Eu demorei para escrever este texto. E quando sentei pra escrever, foi feito em partes. Talvez para digerir melhor a experiência que vivi. Talvez para tentar revivê-la de uma maneira mais intensa por aqui. Ou talvez porque até hoje eu não tenha entendido muito bem o que houve naquele lugar - mesmo tendo passado mais de um ano após a viagem.
Estou falando do Peru e dos dias que estive por lá com uma grande amiga (aquele tipo de amiga que você quer viajar PRA TODO LUGAR juntas e que sabe que vai levar pra VIDA INTEIRA). E falo também de uma das sete maravilhas do mundo que é o Machu Picchu. Lugar considerado como "a cidade perdida dos Incas".
Engraçado isso. Porque o nome dá a entender que eles possam ter se "perdido" ou que estavam se perdendo de algo. Ou não. Vai saber. Mas a convicção que tenho é que realmente eu ME ENCONTREI. Comigo mesma. Um encontro particular e necessário (pra não dizer, urgente!). Mesmo cercada de muita gente. E mesmo sendo bem distante de tudo. O desconhecido que me levou para o lugar mais conhecido que eu poderia estar: que foi dentro de mim mesma.
Só para te situar, caro leitor e leitora, mas, no Peru, especialmente em Cusco, onde estivemos, muitos dos locais e construções que compõem a cidade são bem simples. O que não deixam de serem espetaculares, é claro. E muito menos, cheios de vida. Aliás, um clima de vida bem festejada por lá é, assim, de forma até palpável. Sorte a nossa termos ido (coincidentemente) na época de Fiestas del Sol. Povo cusqueño ama uma festa, sabe. E nós descobrimos isso da melhor maneira!
Outra descoberta é que o que não falta por lá são passeios. T-u-r-i-s-m-o com todas as letras. Não tão baratos, importante lembrar. Mas, com certeza, lugares nada parecidos com nenhum outro que já pudemos estar. Essas peculiaridades que encantam a cada 360º que você gira pelos arredores. Que a GoPro tentava captar bem, mas só sentindo mesmo para compreender melhor.
SÃO ELES, PARA NÃO PERDER. Plaza das Armas. Filhotes de lhamas e lhamas jovenzinhas pelas ruas. Igrejas. Mais praças. Mais lhaminhas. Centros Artesanais. Feirinhas. Fiesta del Sol. Danças festivas e culturais. Museus. Tecelagens. Arqueologias sem iguais. Construções Incas a perder de vista. Lhamas de novo (para nossa alegria!). Longas caminhadas. Céu de brigadeiro no dias de junho (e uma friaca nunca antes sentida, devo acrescentar). Mais lugares históricos (vale super comprar um cupom com um valor fechado para visitar as principais galerias e museus). Cuidadosas agriculturas e plantações locais. Paisagens mil. Vale Sagrado. Viagem de Trem. E o dia do Machu Picchu.
[Pausa para respiração] Lembro que na noite anterior, dormi de uma maneira surpreendente. Não ansiosa - o que seria bem habitual, para mim, em qualquer véspera. Eu teria que acordar às 3h30, sair às 4h. Mas o sono veio bem antes do que eu imaginava. Neste dia, eu estava sozinha. Minha amiga foi fazer uma trilha de 4 dias. E, no momento, eu sabia que precisava estar ali. Mesmo sem saber que precisava tanto.
Eu acordei antes do horário. Tomei café da manhã (quem diria que me daria fome). Uma mulher do hotelzinho me recomendou levar frutas na mochila e, grata, eu aceitei. Eu também tinha água e bolachas que tinha comprado numa vendinha próxima na noite anterior. Eu estava hiper agasalhada. Com uma botinha de trilha emprestada de uma outra amiga. E fui caminhando ainda no dia que nem tinha amanhecido.
Começou a clarear e eu estava com muitas pessoas por perto. Na fila, na van para subir à entrada do parque arqueológico, nas caminhadinhas. Já tinha ingresso e também já tinha um grupo com guia para procurar. E com gringos de locais espalhados por aí. Tinha também uma colega brasileira que adorei conhecer. Depois, no caminho, conheci ainda mais gente legal. E o Sol foi aparecer no céu azul-limpinho bem na hora que estávamos no chamado "Templo do Sol". A guia peruana que falava inglês ajudou nisso, eu sei. Mas tenho certeza que a ajudinha do céu foi bem mais gratificante.
Muita história, muita natureza, muitas construções de pedras cuidadosamente colocadas ali. E, sem saber direito como seria, eu tinha um ingresso a mais para subir em outra montanha. A montanha de "Machu Picchu". Ou "Velha Montanha". O que eu não fazia ideia é que ela teria 3,061.28 m de altitude e que eu demoraria mais de 4 horas para subir e descer. Lembra do NADA PARECIDO?! Pois bem.
A cada passada, uma nova surpresa. Muitos goles de água (que acabaram todos, por sinal). Todas as frutas e bolachinhas. Penhascos que eu tinha pavor só de olhar (meu agradecimento especial à minha nova colega brasileira que me ajudava tanto). Paisagens lindas. Poucas fotos tiradas para focar apenas no equilíbrio. E muitas respirações, indagações, aprofundamentos internos e reflexões em todo momento. Passado. Presente. E futuro. Tudo misturado.
Aí você chega. Você olha para aquela imensidão do alto. Mais giros de 360º. Fotos para registros, por favor. E uma lavagem espiritual e interna que te traz uma renovação inédita. Afinal, eu demorei muito, mas subi. Eu demorei ainda mais, mas desci. Chorei, dei gargalhadas, fiz novas amizades, esqueci passados traumáticos... E descobri que poderia ter uma montanha gigantesca milenar para ser desbravada, mas que, depois disso, ainda teria um horizonte mais imenso e belo para desfrutar, com uma sensação de prazer e realização extraordinários!
Talvez essa seja a lição que eu precisava pra vida.
GRACIAS MULTÍSSIMAS, Machu Picchu!
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